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Os 3 porquinhos e as técnicas construtivas

  • Aline Macedo Queiroz
  • 26 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura

Resolvi escrever este post porque vivo ouvindo comentários do tipo: “prédio de tijolo de cimento? Presta não, prédio tem que ser feito é de concreto”. Ou ainda: “parede de gesso? Se der um soco atravessa, tem que ser é de tijolo”. Também já ouvi que “casa boa e resistente é feita de tijolos, isso de ficar inventando não presta não”.

Estas impressões têm origem no costume de construir com o método convencional (blocos cerâmicos + concreto armado), muitas vezes sem projetos de arquitetura ou engenharia. Reforçado na história dos três porquinhos, o preconceito com a diversidade de técnicas construtivas é muito negativo para o desenvolvimento sustentável e para a popularização de novas tecnologias.

Na história, um porquinho constrói sua casa de palha, outro de madeira e outro de alvenaria. Mas, ao contrário do pressuposto da história, uma não é necessariamente melhor do que a outra, por quê:

1. A palha já foi e ainda é utilizada na construção. Na antiguidade, foi ingrediente de argamassas e de paredes e tijolos de barro. Ainda hoje índios brasileiros utilizam palha ou folhas de palmeira, pois o material atende muito bem suas necessidades: em nosso clima quente e úmido, ela proporciona ambiente sombreado, ventilado e impermeável.

Green School – Bali, Indonésia

2. A madeira, material versátil que pode ser utilizado como estrutura ou vedação, compete com as estruturas de concreto armado e metálicas em resistência durabilidade. Ótimo isolante térmico, o material é muito utilizado em países de clima frio para estrutura, paredes, forros e pisos. A resistência ao fogo, à insetos e umidade varia de acordo com a espécie da árvore explorada e tratamentos químicos recebidos.

Creche em Guastalla / Mario Cucinella Architects

3. A alvenariaconstrução de estruturas e de paredes utilizando unidades unidas entre si por argamassa – é uma técnica milenar que com o passar do tempo foi aprimorada, incorporando novas tecnologias. Pode ser auto-portante (função estrutural) ou de vedação, dependendo do tipo de tijolo ou bloco utilizado. Existem tijolos/blocos cerâmicos, de concreto, concreto celular, solo-cimento, vidro etc.

Casa Calha / Núcleo de Arquitetura Experimental

O mais comum é utilizar blocos cerâmicos para vedação das paredes e concreto armado para estrutura – fundação, pilares, vigas e lajes. Erroneamente, os leigos pensam que esses blocos são resistentes e ajudam a “sustentar” o edifício, mas não é verdade. A fragilidade dos blocos, que se quebram no transporte, no armazenamento e durante o processo construtivo, gerando um entulho significativo, contribui para que essa técnica seja a mais poluente das 3. Além disso, a técnica utiliza grandes quantidades de cimento e aço, cujas fabricações são nocivas ao meio ambiente.

Estar de mente aberta ao procurar um arquiteto é essencial, pois o método construtivo deve ser determinado nas fases iniciais de projeto, e a escolha será guiada de acordo com o preço, prazo, uso, estética, disponibilidade de material e mão de obra e claro, considerando os impactos ambientais.

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© 2016 por Aline Macedo.

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